A ideia é reduzir em 5% (numa primeira fase) a dose de proteína na dieta alimentar de peixes de aquacultura, nomeadamente dourada, robalo e pregado. Com esta mudança alimentar, João Rito, o autor da ideia, acredita que haverá uma redução dos custos de produção e também melhorias ambientais.
O trabalho está a ser desenvolvido no âmbito do doutoramento na Universidade de Coimbra. “Vi o concurso da Sociedade Mundial de Aquacultura, que queria que alunos de mestrado e doutoramento submetessem um projecto que visasse tornar a aquacultura numa indústria mais sustentável”, explica João Rito.

João apresentou o seu projecto de substituição de 5% de proteínas da dieta alimentar por glicerol e venceu. “A aquacultura é um poluente porque os peixes libertam componentes tóxicos, como a amónia e fósforo. As dietas alimentares são ricas em proteínas, porque os peixes, na sua maioria, são carnívoros e as proteínas são essenciais. Nesta experiência tentamos reduzir 5% a percentagem de proteína. Parece pouco, mas em grande escala vamos reduzir muito. A proteína é um dos alimentos mais caros, reduzindo a proteína, vamos reduzir os custos de produção. Substituir a proteína por glicerol, que está muito disponível na indústria de biodiesel, onde é um subproduto, que ainda não tem destino traçado. À partida é mais barato, assim reduzem-se custos de produção”, explica o jovem investigador.

Este método de alimentação dos peixes carnívoros em aquacultura pode também trazer benefícios ambientais. João Rito explica que “o metabolismo das proteínas contamina o ambiente com a amónia e fósforo, ao reduzir a proteína nas dietas alimentares reduzimos a sua produção e libertação daqueles componentes para o ambiente”.

Além do prémio monetário de mil dólares, João vai, em Junho, estagiar por um mês no Centro de Investigação da NOVUS – Novus Aqua Research Center, na Cidade de Ho Chi Minh, Vietname.

“O objectivo é ter contacto com projectos já a decorrer no centro. O Vietname é o terceiro maior produtor de aquacultura a nível mundial, as características ambientais são muito propícias a isso e trabalhar numa das maiores empresas a nível mundial de aquacultura será uma experiência única, na qual vou ter acesso a meios que aqui não tenho e vou estar em contacto directo com cientistas desta área que têm muito mais experiência do que eu e vou tentar tirar a melhor experiência possível”, adianta João.

O concurso que João Rito venceu foi lançado, a nível mundial, pela Sociedade Mundial de Aquacultura (SMA), uma instituição criada em 1970. A SMA é uma sociedade internacional sem fins lucrativos, que tem como objectivo melhorar a comunicação e troca de informações sobre aquacultura, à escala global. Reúne cientistas, produtores e prestadores de serviços da indústria de aquacultura.